terça-feira, 20 de outubro de 2009

Onde andará o meu doutor?

Hoje acordei sentindo uma dorzinha, aquela dor sem explicação, e uma palpitação, resolvi procurar um doutor,
fui divagando pelo caminho...

Lembrei daquele médico que me atendia vestido de branco e que para mim tinha um pouco de pai, de amigo e de anjo...

O Meu Doutor que curava a minha dor, não apenas a do meu corpo mas a da minha alma, que me transmitia paz e calma!

Chegando à recepção do consultório, fui atendida com uma pergunta:
QUAL O SEU PLANO? O MEU PLANO?
Ah, o meu plano é viver mais e feliz! é dar sorrisos, aquecer os que sentem frio e preencher esse vazio que sinto agora!

Mas a resposta teria que ser outra...
o MEU PLANO DE SAÚDE...

Apresentei o documento do dito cujo já meio suada, tanto quanto o meu bolso, e aguardei...

Quando fui chamada corri apressada, ia ser atendida pelo Doutor, aquele que cura qualquer tipo de dor...

Entrei e o olhei, me surpreendi, rosto trancado, triste e cansado... será que ele estava adoentado?
É, quem sabe, talvez gripado não tinha um semblante alegre, provavelmente devido à febre...

Dei um sorriso meio de lado e um bom dia...

Sobre a mesa, à sua frente, um computador, e no seu semblante a sua dor.
O que fizeram com o Doutor?
Quando ouvi a sua voz de repente:
O que a senhora sente?

Como eu gostaria de saber o que ELE estava sentindo...
Parecia mais doente do que eu, a paciente...

Eu? ah! sinto uma dorzinha na barriga e uma palpitação
e esperei a sua reação.
Vai me examinar, escutar a minha voz auscultar o meu coração...

Para minha surpresa apenas me entregou uma requisição e disse: peça autorização desses exames para conseguir a realização...

Quando li quase morri...
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA, RESSONÂNCIA MAGNÉTICA e CINTILOGRAFIA!?

Ai, meu Deus! que agonia!
Eu só conhecia uma tal de abreugrafia...
Só sabia que ressonar era (dormir), De magnético eu conhecia um olhar...
E cintilar só o das estrelas!

Estaria eu à beira da morte? de ir para o céu?
Iria morrer assim ao léu?

Naquele instante timidamente pensei em falar:
Terá o senhor uma amostra grátis de calor humano para aquecer esse meu frio?

Que fazer com essa sensação de vazio? e observe, Doutor, o tal Pai da Medicina, o grego Hipócrates, acreditava que A ARTE DA MEDICINA ESTAVA EM OBSERVAR.

Olhe para mim...

Bem verdade que o juramento dele está ultrapassado! médico não é sacerdote...
Tem família e todos os problemas inerentes ao ser humano...
Mas, por favor, me olhe, ouça a minha história! Preciso que o senhor me escute, ausculte e examine!

Estou sentindo falta de dizer até aquele 33!
Não me abandone assim de uma vez!
Procure os sinais da minha doença e cultive a minha esperança!

Alimente a minha mente e o meu coração...
Me dê, ao menos, uma explicação! O senhor não se informou se eu ando descalça... ando sim! gosto de pisar na areia e seguir em frente deixando as minhas pegadas pelas estradas da vida, estarei errada? Ou estarei com o verme do amarelão?
Existirá umas gotinhas de solução?Será que já existe vacina contra o tédio? Ou não terá remédio?

Que falta o senhor me faz, meu antigo Doutor! Cadê o Sccoth, aquele da Emulsão? Que tinha um gosto horrível mas me deixava forte que nem um Sansão!

E o Elixir? Paregórico e categórico, E o chazinho de cidreira, que me deixava a sorrir sem tonteiras?
Será que pensei asneiras?

Ah! meu querido e adoentado Doutor!

Sinto saudades dos seus ouvidos para me escutar, das suas mãos para me examinar, do seu olhar compreensivo e amigo... do seu pensar...

O seu sorriso que aliviava a minha dor...
Que me dava forças para lutar contra a doença... e que estimulava a minha saúde e a minha crença...

Sairei daqui para um ataúde?

Preciso viver e ter saúde!

Por favor, me ajude!

Oh! meu Deus, cuide do meu médico e de mim, caso contrário chegaremos ao fim...

Porque da consulta só restou uma requisição digitada em um computador e o olhar vago e cansado do Doutor!

Precisamos urgente dos nossos médicos amigos, a medicina agoniza... ouço até os seus gemidos...

Por favor, tragam de volta o meu Doutor!

Estamos todos doentes e sentindo dor...

E peço, para o ser humano, uma receita de calor,
e para o exercício da medicina..... uma prescrição de amor!

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