terça-feira, 24 de novembro de 2009

Terceira idade: Tratamento de doenças mentais exige cautela


Não existe um teste clínico específico que permita a detecção de um diagnóstico correto da doença de Alzheimer.

O diagnóstico é efetuado por meio de uma boa conversa com o especialista e de dados clínicos e laboratoriais que ajudam a excluir a suspeita de outras doenças.

O grande desafio da medicina neurológica é o "subdiagnóstico", ou seja, quando o paciente começa a apresentar alguns dos sintomas da doença, como: perda dememória de fatos recentes, dificuldade na execução das atividades domésticas e manuais, desorientação, dificuldade em fazer contas, em geral.

Nessas situações, a primeira reação dos familiares é dizer que o "vovô (ou a vovó) está ficando velho (a)".
Isso porque a maioria das pessoas encara esses distúrbios de comportamento como “coisas” normais da idade e custam a entender que devem levar o paciente ao médico com a máxima urgência.

Com o passar do tempo, quando os familiares percebem que os distúrbios de comportamento se tornaram mais sérios, pode ser tarde demais, e a doença já estar em uma fase considerada grave.

Por essa razão é muito importante conscientizar a população de que aos primeiros sinais dos distúrbios comportamentais da "velhice", os pacientes devem ser submetidos a uma consulta com especialista e, se for o caso, iniciar o tratamento rapidamente.

Investigando as causas

O mal de Alzheimer é uma doença degenerativa que afeta o cérebro e ainda não tem cura.

Ela causa comprometimento da memória, do raciocínio e do comportamento, atingindo aproximadamente 15 milhões de pessoas em todo o mundo, e de 600 mil a 1 milhão no Brasil.

Em geral, o declínio das funções intelectuais ocorre num período de dois a 10 anos, culminando com a total dependência e até mesmo a morte.

A boa notícia é que a ciência começa a encontrar alternativas para adiar o processo de degeneração dos neurônios, característica da doença, proporcionando melhor qualidade de vida aos pacientes e aos familiares.

Conforme o doutor em neurologia Paulo Caramelli, o tratamento dos sintomas comportamentais em pacientes com demência deve obedecer a uma seqüência de atitudes por parte do médico. Inicialmente devem ser investigadas possíveis causas, além da própria doença neurológica.

Ele cita, por exemplo, infecções do trato urinário ou do trato respiratório ou ainda mudanças no ambiente em que o paciente vive.

“Essas são causas reconhecidas de piora comportamental em pacientes com demência”, observa.

Nesses casos, no seu entender, a rápida identificação e intervenção – muitas vezes não farmacológica – podem solucionar o problema.

Primeira opção


Nos casos em que não há nenhum fator desencadeante além da própria doença, o tratamento medicamentoso está indicado.

“Sabemos que as medicações de ação colinérgica, que são aprovadas para o tratamento dos sintomas da doença de Alzheimer leve a moderada, também são eficazes para os sintomas comportamentais, como apatia, alucinações, delírios, agitação”, ressalta Caramelli, salientando que há consenso hoje de que essas medicações sejam a primeira opção terapêutica nesses casos.

Nos pacientes que não exibem melhora dos sintomas comportamentais ou ainda naqueles em que a melhora é parcial, os antipsicóticos são comumente prescritos, e preferência é dada usualmente aos antipsicóticos atípicos, pelo fato de apresentarem menos efeitos colaterais.

Entretanto, após recentes constatações feitas pelo FDA, o uso desses medicamentos em pacientes idosos com demência deve ser revisto.

Cautela e acompanhamento


O especialista explica que há muitos pacientes com demência, especialmente doença de Alzheimer, que fazem uso de antipsicóticos atípicos para controle de sintomas comportamentais e nos quais a introdução desses medicamentos trouxe claro benefício.

Naqueles pacientes em que os sintomas comportamentais persistem, o desafio para os médicos continua.

“Teremos que atuar de maneira mais cautelosa e buscando identificar as melhores alternativas de tratamento, tanto farmacológico quanto não farmacológico”, insiste Paulo Caramelli.

Os chamados antipsicóticos clássicos ou típicos, de acordo com o médico, poderão ser empregados, sempre com extremo cuidado nas doses prescritas e com acompanhamento freqüente.

“Algumas medicações antidepressivas têm efeitos sobre determinados sintomas comportamentais das demências e podem ser empregadas em casos selecionados”, frisa.

Paulo Caramelli faz questão de salientar que o tratamento dos sintomas comportamentais das demências deve sempre incluir medidas não farmacológicas.

Mudanças no ambiente (por exemplo, mudança de quarto ou dos móveis com os quais o paciente está acostumado) ou formas inadequadas de assistência (por exemplo, durante o banho) são fontes comuns de agitação ou mesmo de agressividade.

A identificação dessas possíveis causas de piora comportamental depende de uma entrevista detalhada por parte do médico, que em seguida poderá fornecer aos familiares e cuidadores orientações mais adequadas e individualizadas para aquele caso em especial.

domingo, 22 de novembro de 2009

Gordura abdominal: perigo para o coração

A gordura localizada, principalmente na região da barriga, deve servir de alerta para doenças cardiovasculares.

Um estudo que vem sendo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e do Instituto do Coração (Incor) da Universidade de São Paulo (USP) apontou que o indivíduo barrigudo tem mais chances de sofrer de infarto ou outra patologia ligada ao coração.

O médico geriatra e professor da disciplina de Geriatria da UEL, Marcos Cabrera, explica que a pesquisa vem sendo realizada há oito anos, com um grupo de pessoas acima de 60 anos.

Ele destacou que a obesidade global é um fator de risco para problemas no coração, porém quando a gordura é localizada, o risco é maior.

O pesquisador comenta que a inconveniente barriguinha geralmente aparece nos homens a partir dos 30 anos e nas mulheres acima dos 40 anos.

O crescimento da região abdominal, diz Cabrera, é próprio do envelhecimento do ser humano, que com o passar os tempo, ingere mais alimentos e gasta menos energia.

Porém hábitos de vida e alimentação podem contribuir para isso. “O ideal é praticar exercícios físicos e ingerir alimentos com menos açúcar e gorduras”, falou.

O geriatra diz que devem ficar em alerta as mulheres que têm uma circunferência abdominal acima de 88 centímetros, e homens com mais de 90 centímetros.

Mudança

A chamada “barriguinha de cerveja”, diz o especialista, não passa de um mito, já que não é só a bebida que contribui para o aumento da barriga.

“Claro que ela tem sua participação, pois a cerveja possui mais de 500 calorias”, disse.

Outro mito é dizer que é comum engordar depois do casamento.

“Isso geralmente acontece porque as pessoas passam dos 30 anos, idade em que o corpo começa a envelhecer”, explicou.

A lipoaspiração não é um método eficaz para reduzir a barriga, pois nesse processo é aspirada a gordura periférica, e não a que fica próxima das vísceras.

“A lipo só resolve para os pneuzinhos e não para abdome aumentado”, disse.

O mesmo vale para exercícios abdominais, que segundo o médico só fortalece os músculos e não diminui a barriga.

Para muitos, terceira não, melhor idade

O Brasil está envelhecendo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2025 o País será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas.

O Brasil tem hoje uma população de mais de 30 milhões de pessoas com mais de 50 anos, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mas será que essa população, maior do que a da Venezuela, tem seus direitos respeitados e, acima de tudo, vive melhor do que seus antepassados, que tinha menor expectativa de vida?

“As necessidades básicas do idoso são as mesmas de um adolescentes: amor, calor familiar, segurança e necessidade de ser útil”, afirma José Evangelista Telles, aposentado que acaba de completar 70 anos.

“Mas enquanto na imaginação da maioria das pessoas eu deveria estar num asilo, casei mais uma vez, tenho uma filha de dois anos e voltei a trabalhar”, conta.

“Seo” José é a personificação do que o IBGE considera o novo idoso: com maior expectativa de vida e bom poder aquisitivo, as pessoas de terceira idade procuram atividades diversificadas e muitos sustentam as famílias.

Para ter idéia do poder aquisitivo que os “velhinhos” brasileiros têm, basta fazer as contas: se cada um dos idosos do último censo ganhasse apenas o salário mínimo, de R$ 300, já seria suficiente para movimentarem quase R$ 8,2 bilhões por mês, ou R$ 97,3 bilhões por ano, e isso sem contar o 13.º salário.

Mas na realidade, nessa faixa etária se encontram profissionais no auge das carreiras, o que segundo o IBGE aumenta a média de rendimento para três salários mínimos, ou R$ 24,3 bilhões mensais.

Uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) mostra que 35,3% dos 850 mil moradores da capital com mais de 60 anos têm rendimento de 1 a 2 salários mínimos; 15,1% de 2 a 3 salários mínimos; 10,6% de 3 a 4 salários mínimos; e 26,5% de 5 salários mínimos ou mais.

De acordo com essa pesquisa, 13% deles vivem sozinhos, 71,7% pagam pelos medicamentos que usam com o próprio dinheiro, apenas 9,7% têm remédios por meio do sistema público e 40,4% têm seguros ou planos de saúde privados.

Lazer

E com esse poder aquisitivo todo, os idosos estão se assemelhando aos do primeiro mundo e procurando aproveitar todo o tempo livre que têm.

“Seo” José tem dois filhos do primeiro casamento.

“Ambos estão na faixa dos 40 anos.

Minha filha, do segundo casamento, tem apenas dois.

Ela é mais nova do que meus netos”, diverte-se.

A filha é fruto das idas de “Seo” José aos bailes da terceira idade do Sesc, em Curitiba.

Depois que ficou viúvo, há 23 anos, achou que nunca mais iria se relacionar.

Há cerca de 5 anos, depois de uma parada cardíaca, aconselhado por um médico, começou a freqüentar uma academia de ginástica e depois, os bailes.

Em um deles conheceu a segunda esposa, Anita, que hoje tem 38 anos.

“Ela trabalhava em uma das unidades do Sesc ensinando os velhos a dançar”, conta “Seo” José.

“Aconteceu que enquanto muita gente da minha idade já aparece no obituário, meu nome estava no convite de casamento como noivo”.

Ex-empresário, “Seo” José conta que o casal faz ao menos duas grandes viagens por ano, mas que o ritmo de seu lazer tem diminuído.

“Fui obrigado a entrar no mercado de consultoria.

Um dos meus filhos ficou desempregado e assim eu ajudo a família toda a se manter”, conta.

Do alto de sua experiência acredita que bons ventos darão alento à economia.

“Na verdade, poder trabalhar sem o estresse do dia-a-dia é uma bênção.

Ainda mais se for para ajudar meus filhos.”

A sexualidade está fazendo parte do cotidiano de casais de idosos brasileiros

Além do poder aquisitivo, um medicamento que já tomou conta do imaginário popular está causando uma revolução na vida dos idosos: o Viagra.

São homens acima de 50 anos que mais contribuíram para que a Pfizer, fabricante da pílula, registrasse vendas de US$ 60 milhões em 2004.

“O Viagra causou uma revolução maior do que ser uma possibilidade de cura para a disfunção erétil.

Ele fez com que finalmente se falasse em sexo na terceira idade”, afirma o diretor da Associação Brasileira de Geriatria e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Gilmar Calixto.

Para o médico, a mudança está presente no cotidiano dos consultórios geriátricos.

“O geriatra hoje pergunta aos seus pacientes como vai a vida sexual. Isso não é mais tabu”, revela.

Para ele, não há motivo para vergonha.

“Claro que os idosos pertencem a uma geração que simplesmente foi ensinada a não falar sobre o assunto.

Para eles, sexo era meramente reprodutivo.

Mas como hoje eles vivem mais e têm mais tempo, o sexo acaba fazendo parte da vida.”

Para Calixto, o tabu pode deixar de fora do tratamento muita gente.

Um estudo da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, revelou que 52% dos homens entre 40 e 70 anos têm algum grau de disfunção erétil.

Segundo os médicos, homens e mulheres sentem o efeito do tempo de maneira diferenciada.

Nas mulheres idosas, os principais problemas sexuais estão associados à libido.

“As mulheres sentem mais do que o homem a educação tradicional e deixam de manter relações depois da menopausa.

Mas mulheres de 80 anos podem ter orgasmos mais facilmente do que moças de 20”, diz.

Já nos homens, a principal causa da disfunção erétil, segundo o médico, é a vida moderna.

“O estresse e as doenças que ele desencadeia são os maiores motivos dos idosos masculinos abandonarem a vida sexual.”

Calixto conta que, além de procurar regularmente um médico, alguns costumes são importantes para manter o corpo em ordem e, conseqüentemente, uma boa vida sexual na terceira idade.

“Deve-se controlar o colesterol e a pressão arterial e manter um peso ideal através de atividades físicas e uma boa dieta balanceada”, diz o médico.

Mas para os idosos que mantém a atividade sexual, Calixto dá outro importante conselho:

“Deve-se lembrar que sexo envolve cuidados e, mesmo na terceira idade, é necessário o uso de camisinha.

Ultimamente temos vivido uma grande incidência de idosos com doenças sexualmente transmissívies, principalmente a aids”. (DD)

Pessoas buscam envelhecer com autonomia e independência

Para a médica Ivete Berkenbrock, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Paraná, a maior preocupação do idoso hoje é ser feliz.

De acordo com uma pesquisa do Ministério da Saúde, cerca de 10% da população acima de 50 anos sofre de depressão no País.

“O ápice da existência humana continua sendo os 120 anos.

Mas o objetivo não é sobreviver até essa idade, e sim chegar a uma idade avançada bem.

O que se quer é viver uma terceira idade com autonomia e independência”, diz.

Mas na opinião de Ivete, algumas barreiras precisam ser superadas para que os idosos tenham realmente acesso total à qualidade de vida digna.

O Brasil, na opinião da médica, já está tendo que lidar com a realidade de uma população mais envelhecida, que tanto políticas públicas dessa área têm grande destaque nas cidades.

“Em Curitiba um idoso pode viver com bastante qualidade de vida, apesar de ter um inverno rigoroso.”

Em termos de infra-estrutura, a médica destaca a grande quantidade de parques e áreas verdes, mas acrescenta que as calçadas não estão em condições de oferecer boas caminhadas.

Mídia


A médica acredita que enquanto a mídia ajudou a estimular uma mudança no comportamento sexual dos idosos, abrindo o debate nas famílias, a mesma mídia ainda trata a terceira idade como tabu.

“Não vemos comerciais ou marketing dirigidos para essa faixa etária.

E quando existem, eles são colocados em papéis que os ridicularizam, subvalorizando sua experiência e sabedoria”, acredita.

Para ela, uma terceira idade saudável é sinônimo de fatores multidimensionais.

Além de terem que cuidar mais da saúde, com atividades físicas constantes e uma alimentação saudável, a médica destaca a importância do engajamento social.

“Uma pessoa que está em contato com as demais e se sente útil é mais feliz.”

Ivete diz que as doenças que mais acometem os idosos no Brasil, assim como no resto do mundo, são as cardiovasculares, seguidas dos tumores e demências.

“Hoje a tecnologia farmacêutica permite que apesar disso se viva bem.

Mas as próximas gerações de idosos podem ter esperança no desenvolvimento de medicamentos mais eficientes, principalmente com a evolução dos estudos com células tronco”, revela. (DD)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O sofrimento sem fim da doença renal

“Para muitos pode passar despercebido, mas que existe a questão do preconceito.

A gente já enfrenta os problemas da doença com dificuldade, passamos por maus bocados e ainda somos tratados como ‘diferentes’, como bichos de outro mundo.

Ainda bem que a diálise possibilita um pouco da qualidade de vida que a gente perdeu.”

O depoimento é de M.L.C., uma ex-operadora de turismo, 32 anos, que há seis sofre de doença renal crônica (DRC).

Essa é uma das muitas facetas que abalam emocional e socialmente o paciente renal crônico, assim que são identificados os primeiros sintomas da doença.

Sua vida se transforma radicalmente, pois a hemodiálise, tratamento ao qual precisa se submeter, traz profundas mudanças na sua rotina e na de seus familiares.

São as frequentes idas aos centros de diálise, as restrições alimentares, a perda do emprego e, consequentemente, problemas financeiros.

Assim, comentar sobre o seu lado emocional é antes de tudo reconstruir uma trajetória de perdas que vai muito além da função renal.

O paciente renal crônico perde a liberdade que atinge atividades escolares, domésticas ou profissionais.

“Passamos a depender da Previdência Social, da máquina, da família e da sorte, o que acarreta um desgaste e estresse emocional intenso”, enfatiza M.L.C.

Prevenção e cuidados

Quando o assunto é prevenção de doenças renais, atenção e informação são mais que necessários.

Para avaliar a percepção da população acerca do tema, a Fundação Pró-Renal Brasil, com o apoio da Roche, encomendou ao Instituto Datafolha uma pesquisa para avaliar o conhecimento dos brasileiros sobre problemas renais.

De acordo com o levantamento, sete em cada 10 pessoas dizem tomar alguma atitude no dia a dia para preservar a saúde renal.

O problema é que a alternativa mais mencionada para atingir esse objetivo é a ingestão de água (63%).
Os números são extremamente importantes, pois refletem o desconhecimento da população acerca de problemas que podem acometer os rins.

De acordo com especialistas, a ingestão de água não é a principal atitude que deve ser tomada para garantir a saúde renal.

“Não há evidência científica de que tomar muita água preserva a saúde dos rins.

O próprio organismo tem um sistema altamente sensível para controlar essa ingestão, que é a sede.

Por isso, além da água, os cuidados adequados com os rins devem incluir alimentação saudável e controle de doenças como diabetes, hipertensão, inflamações e infecções”, explica o nefrologista Miguel Riella, presidente da Pró-Renal.

Outro dado preocupante é que apenas 30% das pessoas souberam apontar doenças que podem gerar lesões graves nos rins, como o diabetes e a pressão alta.

Para o médico, esse número também revela a falta de conhecimento dos brasileiros.

São enfermidades comuns e cada vez mais incidentes no Brasil, figuram como as principais causas da DRC, que resulta na incapacidade irreversível das funções dos rins.

“O agravante é que, se os pacientes não têm essa informação e não fazem o controle dessas doenças, seus rins poderão ser gravemente afetados pela doença”, reconhece Riella, salientando que a DRC não apresenta sintomas até que as funções renais estejam comprometidas em até 75%.

Com efeito, ao chegar nesse estágio, gera consequências gravíssimas, como à necessidade de hemodiálise e até de transplantes.

Anemia renal

Quando questionadas se problemas renais podem se agravar e causar anemia, 42% das pessoas responderam que não e 10% não souberam dizer.

Isso mostra que parte significativa da população desconhece a anemia renal e, consequentemente, não está atenta aos seus complicadores.

“Há muitas pessoas que só conhecem a anemia provocada pela falta de ferro e não sabem que existe e nem o que é a anemia associada à doença renal crônica”, ressalta o nefrologista.

Estatísticas mundiais mostram que mais de 500 milhões de pessoas tem algum grau de DRC.

Elas sofrem com uma deterioração da função renal que pode durar vários anos até que seja necessária uma terapia para a substituição do rim.

Quando é constatada a falência desses órgãos, os pacientes não conseguem secretar eritropoietina, hormônio produzido pelos rins que estimulam a fabricação de glóbulos vermelhos na medula óssea.

Sendo assim, eles desenvolvem anemia, diagnosticada por meio do exame que mede os níveis de hemoglobina (proteína que carrega o oxigênio dentro dos glóbulos vermelhos).

A anemia renal pode acometer os pacientes com DRC já nos estágios iniciais e piora à medida que ocorre perda progressiva das funções renais.

Cerca de 95% dos pacientes com doença crônica renal que necessitam de diálise (procedimento que filtra o sangue) apresentam um quadro de anemia renal crônica.

A enfermidade prejudica o transporte e utilização de oxigênio em tecidos e órgãos do organismo, apresentando efeitos como fraqueza, cansaço, palpitações, dificuldade de concentração e tonturas, que afetam tanto a qualidade de vida quanto a saúde e o bem-estar.

Em grande parte dos casos, quando tratada tardiamente, a anemia renal contribui para o aparecimento de complicações cardiovasculares, como o aumento do tamanho do coração e a aceleração no ritmo de bombeamento do sangue em busca de compensação para a falta de oxigenação no corpo.

Outros resultados


* Tomar muita água é hábito mais comum 67% das mulheres

* 25% procurariam um clínico geral para o tratamento de problemas renais; 11%, um urologista e 5% procurariam um nefrologista. 54% não saberiam qual especialidade procurar.

* 45% souberam apontar causas para a anemia. As mais mencionadas foram falta de ferro (23%) e alimentação inadequada (14%).

* 62% das pessoas apontaram algum sintoma de problema renal.

* A baixa escolaridade tem reflexos na falta de conhecimento sobre problemas renais.


O Instituto Datafolha ouviu mais de 2.500 pessoas, com 16 anos ou mais, de 180 municípios brasileiros.

A média de idade da amostragem foi de 38 anos e a distribuição por sexo foi equivalente entre homens e mulheres.

Números que valem

* No Brasil, aproximadamente 90 mil pessoas estão em diálise e 95% delas sofre de anemia renal.

* O tratamento dos pacientes em diálise consome cerca de 10% do orçamento da saúde no País.

* 70% dos casos de pacientes com DRC desenvolveram a doença por conta da diabetes e hipertensão.

* No Brasil, há cerca de 30 mil pacientes esperando por um transplante de rim.

No ano passado, foram realizados cerca de 3 mil transplantes do tipo - ou seja, apenas 10% das pessoas na fila por um rim estão sendo atendidas.

domingo, 15 de novembro de 2009

Morar perto de áreas verdes faz bem à saúde

Um estudo realizado pelo Centro Médico universitário VU de Amsterdã, na Holanda, sugere que morar até três quilômetros de parques ou áreas de lazer que incluam vastas zonas de vegetação é benéfico para saúde mental.

A pesquisa aconteceu com 350 mil pessoas, que tiveram suas fichas médicas e os endereços analisados.
Os pesquisadores analisaram o grupo que morava nas proximidades das áreas verdes e aqueles que ficavam mais perto dos locais urbanizados.

De acordo com o estudo, as pessoas que moram perto de parques e de áreas de lazer sofrem menos com problemas de depressão e ansiedade.

Doenças como diabetes, problemas digestivos e doenças infecciosas também apresentaram uma queda.

Outra característica dos pacientes que moram perto de áreas verdes é a recuperação mais rápida depois de cirurgias.

Os cientistas explicam que um, em cada três pacientes que moravam nessas regiões, tiveram uma melhora muito melhor se comparada com aqueles que vivem em lugares mais urbanizados.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Saiba como tratar o problema da vista cansada

Beirando os 40 anos, é possível notar certa dificuldade para leituras de perto.

As letras do jornal, da bula de remédio, do livro e até da receita de bolo parecem incrivelmente desfocadas, fazendo com que a leitura se torne ligeiramente melhor quando os objetos são colocados a uma distância mais próxima dos olhos.

Esses sinais são decorrentes da presbiopia ou, como muita gente a conhece, a vista cansada.

Segundo a oftalmologista Elizabeth Murer, do Hospital São Luiz, a presbiopia caracteriza-se por um desgaste fisiológico da córnea durante a vida.

"É a redução da capacidade de acomodação do olho", explica.

Assim como ocorre na hipermetropia, na presbiopia, há a dificuldade de enxergar de perto.

A diferença é que no quadro de vista cansada não existe uma alteração no formato do olho, que vai modificar a formação da imagem.

O olho do hipermétrope é mais curto e a imagem se forma depois da retina, dificultando assim a visão.

"Já com o presbita não acontece isso. Todos nós teremos presbiopia um dia por causa da idade", completa a oftalmologista.

Ela ocorre por conta da perda de elasticidade de uma das camadas do olho, o cristalino, que não é capaz de formar uma curvatura suficiente para que a imagem de perto seja formada.

Diagnóstico

A presbiopia pode ser identificada no exame de rotina do oftalmologista, que usa a tabela de leitura para perto para o paciente exercitar a capacidade do foco ocular.

O exame é importante, pois o problema pode surgir precocemente.

"Se uma hipermetropia não for corrigida, a presbiopia aparece mais evidenciada" explica Elizabeth.

Segundo a oftalmologista, por não se tratar de uma alteração na anatomia do olho, dificilmente ocorrerá uma estabilização no grau de presbiopia até os 60 anos.

Tipos de presbiopia

As dificuldades para leitura de perto podem aparecer em três situações distintas:

- Presbita emétrope: a visão para longe é perfeita. Só há problemas para enxergar de perto.


- Presbita hipermétrope: quando o hipermétrope não sente a necessidade de usar óculos logo que o problema se manifesta, a vista cansada aparece mais cedo.

- Presbita míope: a dificuldade é a visão para longe. Quando a presbiopia surge, muitos míopes preferem tirar os óculos para a ler de perto.

Tratamentos

Óculos para perto: as lentes utilizadas em óculos indicados para a vista cansada, em geral, são lentes positivas, ou seja, com a adição especial de grau para a presbiopia na lente que o presbita costuma usar.

Isso se houver outro problema de visão, além da vista cansada, que necessite do uso de óculos.

A lente funciona como uma máquina de zoom, com o objetivo de direcionar a imagem até a retina.

Cirurgia refrativa: é usado a mesma técnica, a Lasik, que corrige erros refrativos (miopia, astigmatismo, hipermetropia) mudando o formato da córnea.

Porém, a oftalmologista salienta que, a longo prazo, esse tipo de procedimento envolvendo a presbiopia não garante uma segurança com relação ao resultado, já que a córnea perde elasticidade em razão da idade.

Radiofrequência
: técnica que corrige temporariamente os problemas na visão, fazendo a alteração do encurvamento da córnea.

No entanto, a oftalmologista afirma que é uma técnica muito utilizada nos Estados Unidos, mas que a ANVISA ainda não liberou sua utilização no Brasil.

Em geral, a área central da lente facilita a visão para longe, enquanto a parte inferior da lente - região da movimentação dos olhos para baixo - focaliza a leitura de perto.

Monovisão: a técnica faz uso de lentes comuns.

Segundo Elizabeth, é feito um teste de visão e o olho dominante do presbita utiliza a lente para perto, enquanto o outro, a lente para longe.

"Parece difícil, mas a pessoa se acostuma", afirma.

Esclera: cirurgia refrativa em que há uma expansão dos túneis esclerais, deixando o olho mais curvo.

A especialista salienta que, a longo prazo, as complicações da cirurgia são grandes, como possível elevação transitória da pressão intra-ocular e redução progressiva da correção feita.

Mono visão e cirurgia refrativa: as técnicas combinadas utilizam o lasik para correção de um olho, para longe, e outro, para perto.

Nível escolar do idoso influencia na realização de tarefas



A capacidade de pessoas idosas reproduzirem movimentos que proporcionam independência de locomoção na Terceira-Idade pode estar intimamente ligada ao nível de escolaridade.

Os resultados são de uma pesquisa realizada no Laboratório de Aprendizagem Motora da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), com pessoas acima dos 60 anos (homens e mulheres) e alfabetizadas.
Os voluntários com melhor nível escolar tiveram melhor aproveitamento nos testes.

O estudo evidencia que as habilidades desenvolvidas na escola da vida, não substituem as habilidades mentais treinadas na escola formal, ocasionando a deficiência de aprendizagem mesmo de tarefas simples como as motoras, que perduram até o final da vida.

Na primeira parte do trabalho, os voluntários foram orientados a memorizar uma sequência determinada de movimentos com os dedos de umas das mãos. Já nesta primeira etapa, os que tinham menor escolaridade apresentaram mais dificuldades.
Numa segunda etapa, aconteceu o que os pesquisadores chamaram de familiarização das tarefas a serem realizadas.

As etapas fizeram parte da avaliação realizada antes do treinamento propriamente dito.

Nos treinamentos foram cerca de 4.800 movimentos, realizados em 8 sessões, durante 4 semanas.

O grupo de baixa escolaridade foi mais lento durante todo o experimento, embora os dois grupos tivessem apresentado melhora no desempenho após os estímulos motores e cognitivos.

Ainda devem ser realizadas outras pesquisas para que novas estratégias sejam definidas em tratamentos fisioterápicos para beneficiar pessoas de baixa escolaridade, mas os pesquisadores acreditam que estes resultados já são um grande passo para ajudar a amenizar as deficiências causadas pela falta de escolaridade em idosos.